PUBLICADO EM ZERO HORA
(12 de fevereiro de 2016)
O GRÊMIO E OS PRIVILÉGIOS DA PAIXÃO
Com o Grêmio prestes a estrear em
mais uma Libertadores, as lembranças retornam, os jogos via radinho a pilha, TV
com Bombrill na antena, depois equipamentos cada vez melhores, no Olímpico e na
Arena. Fragmentos a embalar o sonho maior que, uma vez provado, em 1983, e reprisado
em 1995, tornou-se obsessão: conquistar a América mais uma vez.
A profissão de jornalista tem lá seus privilégios. Em 1983, recém-formado, participei das coberturas da decisão da Libertadores e do Mundial. Em 11 de dezembro, no jogo contra o Hamburgo, percorri, com o repórter fotográfico Arivaldo Chaves, bares e casas noturnas para registrar a emoção dos torcedores assistindo à partida. Em cada lugar, era “intimado” a beber ao menos um gole, uma dose. Estava a trabalho, mas acabava aceitando. Para não parecer desfeita, é claro. Voltei para a redação um tantinho bêbado – mas eu estava bem longe de ser o único, ou o mais... –, em tempo de assistir ao gol decisivo do Renato. Grêmio campeão do mundo, era hora de esquecer a empolgação, tínhamos uma edição histórica para fechar.
Quando a delegação voltou de Tóquio, deslocou-se do aeroporto ao Olímpico em caminhão de bombeiros, sendo saudada por multidões. Era um dia muito quente e abafado e eu fiz o percurso numa Kombi, uma sauna ambulante. Já no Olímpico, fui ao vestiário para passar água no rosto. Segundos depois entraram correndo Renato Portaluppi e sua mãe, dona Maria, protegidos por seguranças que em seguida trancaram a porta. Minha quase desidratação foi recompensada pela cobertura exclusiva de um momento íntimo do ídolo.
Em 1995 eu era editor de esportes de ZH quando ganhamos o bi da América. E fui com o Grêmio a Tóquio. Perdemos, Ok, mas só nos pênaltis e para o timaço do Ajax. Minha cobertura foi tão profissional quanto possível, e tão emocional quanto inevitável. Depois de quase congelar na noite terrivelmente fria no estádio nacional, meu coração foi aquecido pelas lágrimas dos jogadores, sinceras, sentidas.
Quando estamos prestes a estrear em mais uma Liberta, é claro que o sentimento é sempre o de “queremos a Copa”, não tem como ser diferente, essa competição tem a nossa cara. Estamos conscientes das dificuldades que enfrentaremos, mas confiantes no elenco reforçado, no trabalho do Roger, na garra tricolor. É um privilégio estar na Libertadores. Mas privilégio mesmo é ser gremista. Queremos a Copa!!!
(Foto do arquivo pessoal de Danrlei Hinterholz)
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