sábado, 4 de maio de 2013


Hã? - Parte II

Durante uma reunião de capa, convidado pelo diretor de redação a opinar sobre determinado assunto, um editor respondeu:

"Eu acho que sim. Mas também acho que não. Quer dizer, depende."
Hã?

De um famoso comentarista esportivo da aldeia, muitos anos atrás, ao encerrar sua coluna sobre as possibilidades dos gaúchos na rodada do Brasileirão:

"Ou seja, tudo pode acontecer, mas, sem dúvida, algo acontecerá."

No dia seguinte fiz questão de cumprimentá-lo pessoalmente pelo brilhantismo. Ele me olhou desconfiado e perguntou: "Está falando sério?" É claro que eu confirmei sem sequer corar.

terça-feira, 30 de abril de 2013


Falando em Senna (2):

O dia em que ultrapassei Ayrton Senna
         
Autódromo de Interlagos, final de abril de 1994, poucos dias antes da morte do Ayrton, em sua última passagem pelo País. A recém-criada Senna Imports estava trazendo para o Brasil a linha de automóveis Audi. Como é de praxe, a imprensa foi convidada para um test drive. Antes, durante o café da manhã, tive a oportunidade de conversar rapidamente com ele.

Pelo fato de ser em um circuito de corridas, e dada a robustez dos veículos, um instrutor acompanhava cada jornalista a fim de evitar eventuais e perigosos arroubos. A cada vez em eu que pisava fundo ouvia um pedido para reduzir o ritmo. Até ali só fora possível acelerar mesmo na reta oposta, mas em seguida cheguei à parte “travada” da pista e recebi novas recomendações. “Encaixotado” atrás de outro carro, apelei ao instrutor: “Este cara aí na frente está lento demais, se eu não o ultrapassar agora não conseguirei atingir uma velocidade razoável na subida da reta dos boxes, e aí acabarei não sentindo direito a potência do carro.” Ele concordou: “Ok, dê o sinal e vá com calma.” Assim o fiz, o carro da frente abriu para eu ultrapassar, eu agradeci e recebi de volta um aceno e um sorriso de Ayrton Senna.

Ele comentava, para uma equipe de TV estrangeira, as características de cada ponto do circuito, razão pela qual ia tão devagar. Mas isso é detalhe. Ultrapassei Ayrton Senna e rasguei em triunfo a reta de Interlagos.


Falando em Senna (1):


Senna e Rubinho

Lá pelo início de 2003, Augusto Nunes e eu nos dirigíamos à sede do Instituto Ayrton Senna. Faríamos uma entrevista com Viviane Senna que renderia reportagem de capa para a revista Forbes. Eu já estava um pouco irritado com a lerdeza do taxista. Saíra com ele do flat onde eu morava ocasionalmente, no Itaim Bibi, passara nos Jardins para apanhar o Augusto e rumávamos para o bairro de Santana, onde fica o IAS, sempre muito devagar para meus padrões.

Augusto perguntou: “Estamos atrasados?” Olhei para a rua, para ver mais ou menos onde nos encontrávamos, e respondi: “Um pouco, creio que estaremos lá em cinco minutos”. Ao que ele disse: “Tudo bem se ela ficar esperando um pouco, afinal, é natural chegar depois de um Senna”.

Não resisti e completei: “Ainda mais com o carro sendo pilotado pelo Rubinho”. O taxista virou-se, encarou-me com indisfarçável tristeza e falou: “Pô, doutor, também não precisa me esculhambar”.