sexta-feira, 8 de maio de 2009

COTIDIANO

Vide o verso

A prefeitura de Porto Alegre promove, há alguns anos, o concurso Poemas no Ônibus, cujos vencedores, como o nome indica, têm sua obra exibida internamente nos coletivos. Motivado por interesses, digamos, arqueológicos, dia desses decidi embarcar em algumas linhas por breves trechos, o bastante para fazer um pequeno inventário desses trabalhos e quem sabe escrever algo a respeito. Poderia, é claro, valer-me da internet, mas queria observar de que modo eram distribuídos e, acima de tudo, qual era a reação dos passageiros. Alguém se daria ao trabalho de lê-los ou tais poemas passavam despercebidos como placas de “não fume” ou “fale com o motorista somente o indispensável”?

Embarquei no primeiro ônibus do que imaginava seria uma sequência, sentei-me e lá estava:

"Minas de poesia
calos
drumond
de andar"

Sim, era isso mesmo, e só isso, um dos vencedores. Puxei a tradicional cordinha e desci na próxima parada.



Acidentes necessários

Antes de desembarcar do ônibus, ainda tive tempo de ler um aviso:

"Segure-se: evite acidentes desnecessários."

Eu não consegui imaginar o que seriam acidentes necessários, mas, depois que um prestigiado jornal gaúcho criou o “assalto-surpresa” em uma chamada de capa, tudo é possível.



Mas, se o mesmo encontra-se...

Lembrei-me então daquele clássico:
“Antes de entrar no elevador verifique se o mesmo encontra-se parado no andar.”



The best

Jamais encontrei, no entanto, algo parecido com o aviso afixado na vitrina de uma loja de objetos de decoração em Florianópolis:
“O estacionar, para não compra, será cobrado R$ 17,00.”


.

4 comentários:

Blodeuwedd disse...

Teve azar, alguns dos poemas são de fato bons, embora tenha a sensação de que pioram a cada ano. Tenho um amigo que escreve poemas lindos e já tentou enviar para esse concurso - claro que não passou. Dos poucos que são bons, a imensa maioria é de poetas consagrados, antigos ou não. Há alguns anos eu chegava a brincar com uma amiga dizendo que ia escrever poemas pro ônibus - não duvido que fosse ficar melhor do que alguns que leio por aí... Aliás, se quiser mais exemplos, é só pedir... :-)

Clovis Heberle disse...

Falando em arqueologia e em poesia: na década de 60, os bondes de Porto Alegre ostentavam a propaganda de um xarope em forma de versinho, assim:
"Veja senhor passageiro,
o belo tipo faceiro
que o senhor tem ao seu lado.
E, no entanto, acredite,
quase morreu de bronquite,
salvou-o o Rhum Creosotado".

Bebel disse...

É cada uma! ¬¬

rsss Sem comentários para os 'poemas'!

Acidentes desnecessários. Assalto-surpresa!!! Aiiiiiii doeu! rsss

Lembrei de um amigo que dizia que tinha medo do mesmo parado no andar.. ahahaha

Não sei o que é pior, quem escreve ou quem escolhe para publicar! Que coisa..

Divertido não deixa de ser! Aqui em Floripa não temos poemas no ônibus. Mas, certamente, seriam semelhantes, imagino! O fato da existência da placa da loja já denuncia. ehehehe

Eu estacionar, eu pagar. rssss

luciana pinsky disse...

Adorei "Assalto-surpresa". Dá até ideia para crônica. Quem sabe eu não me inspire...
beijo grande,
Lu Pinsky