quinta-feira, 6 de julho de 2017

PUBLICADO EM ZERO HORA
(1º de fevereiro de 2017)


SONHOS QUE PODEMOS TER

Como na antiga canção dos Engenheiros do Hawaii, na voz do gremistaço Humberto Gessinger, “somos quem podemos ser, sonhos que podemos ter.” Quando assumiu a presidência do Grêmio, há dois anos, Romildo Bolzan Jr. fez o discurso da austeridade, dos pés no chão, de não se gastar mais do que se arrecada, colocar as contas em dia, montar o elenco possível e, mesmo assim, tentar conquistar títulos.

O sentimento gremista era de medo pelo que viria. No fundo, sabíamos que, se ouvíssemos a voz do bom senso, era isso mesmo que ela nos diria, que não adiantava sonharmos com times mirabolantes pelos quais não poderíamos pagar. Mas coração de torcedor resiste em ser racional, pede vitórias e mais vitórias, jogadores de primeira linha, nada de economizar. Afinal, se a maioria dos grandes clubes do País ostenta dívidas absurdas e segue ousando, porque justo nós haveríamos de nos retrair?

Acabamos assimilando o fato de que Bolzan tinha razão quanto ao conceito, por mais que, tantas vezes, discordássemos dos métodos. Aos poucos as coisas foram se encaixando, Roger montou uma equipe competente, com uma dinâmica de jogo moderna que ganhou admiração nacional. De repente, a fórmula meio que desandou, aí Renato recolocou a casa em ordem, ficamos mais competitivos e chegamos ao penta da Copa do Brasil, o único penta, o Rei de Copas. O Imortal Campeão do Mundo, título que ressentido ou corrupto algum nos tira.

Neste início de temporada, as inquietações se repetem. Das seis contratações realizadas até agora, em princípio nenhuma representa um upgrade na equipe. Perdemos Walace, por um valor abaixo do que vale, como sempre. Gente que nunca deslanchou está de volta, gente que não empolga chegou. Quem sabe não seremos surpreendidos? Quem sabe Beto da Silva se torne um fenômeno, Leo Moura se converta no melhor jogador do Brasil, aos 38 anos, Cortez roube a cena na lateral esquerda, Maxi Rodríguez enfim deslanche e Bolaños arrebente? Quem sabe até Jael vire nosso improvável goleador?

Nada disso é real, por enquanto, somente a nossa inquietação, além do Ypiranga pelo Gauchão, nesta noite. A inquietação de quem acabou de ganhar um penta é sempre menor. E é sempre maior. O coração sossega um pouco, mas a alma voa mais alto. Renato segue por aqui, e sabemos como ele tem estrela. Quem sabe chega um grande reforço com o qual já nem contamos? Podemos ter todos os sonhos. E, como sempre, queremos a Copa!

(Foto de divulgação Conmebol)

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