(Meu texto na coluna de Augusto Nunes em 1º de julho de 2017)
DELATOR SELETIVO E MALANDRINHO
Ao depor sobre as conversas com Lula e Dilma, conforme áudios revelados por VEJA, usou de malandragem de colegial para tentar livrar o chefão do bando. O primeiro-açougueiro da República admitiu ter se encontrado com ambos para falar das contas de 300 milhões no exterior, comprometeu Dilma, mas tergiversou – como diria a própria – quando abordou o conteúdo do papo com Lula: “O Lula não estava me pedindo dinheiro nem nada”, começa a ladainha. “Eu fui lá porque eu estava preocupado com essa história da conta dele, de estar gastando dinheiro dele, supostamente, se fosse dele mesmo”, emenda o espertalhão, caprichando nos “supostamente” e “se fosse dele mesmo”, e informando que depositou “300 milhões e tantos” em contas no exterior sem saber quem seria o dono do dinheiro. “Enfim, ele se encostou para trás, olhou bem para mim, ficou calado, não falou nada”, cravou o bilionário samaritano, sempre disposto a despejar fortunas em contas de destinatários ocultos.
O Brasil decente ainda espera que Joesley conte tudo que sabe sobre o chefe da quadrilha. Como é improvável que o mercador que caiu na vida tome vergonha na cara, cabe ao Ministério Público enquadrá-lo com energia. Se não vai por vergonha, que seja
por medo das algemas.
(Foto de divulgação/PGR)
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