quinta-feira, 16 de agosto de 2018

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(Meu texto na coluna de Augusto Nunes em 16 de agosto de 2018)


UM AMIGO EM BRASÍLIA


Os familiares, principalmente o pai do bebê que estava para nascer, andavam ansiosos de um lado para outro no corredor asséptico da maternidade. Uma cena corriqueira, caso não envolvesse duas das maiores fortunas do país, a dos Marcondes Cavalcanti e a dos Lins e Silva. O casamento fora de conveniência, todo mundo sabia, mas, e daí? – dava de ombros a empertigada parentela. O Juninho – famílias ricas nunca abrem mão de homenagear o patriarca, assim com as pobres que se acham –, viria ao mundo a bordo de uma conta bancária de saldo incalculável. Ele só trabalharia se quisesse, e muitos na família não costumavam querer, e teria praticamente tudo que desejasse na vida.

domingo, 1 de julho de 2018

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(Meu texto na coluna de Augusto Nunes em 1º de julho de 2018)

CONCERTO PARA ESFERA E PAPEL

Enquanto verifico no celular a programação do dia seguinte na Copa da Rússia, meu pensamento retorna a meados de 1970. A casa de madeira com seus rangeres noturnos e móveis desgastados hospedou uma instigante novidade tecnológica em um fim de semana de frio intenso, suavizado pelo fogareiro a carvão. Meu pai levara serviço para casa e, com ele, uma IBM elétrica de esfera. Aos olhos de um menino de dez anos sem muito contato com as novidades do mundo, a Ferrari das máquinas de escrever, com seu largo e sólido corpo de ferro, sua batida ágil, silenciosa e veloz como nenhuma outra jamais conseguira ser, assemelhava-se a um instrumento dos deuses. Além disso, pensava o menino, o pai devia ser importante na firma se podia levá-la para casa.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

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(Meu texto na coluna de Augusto Nunes em 6 de fevereiro de 2018)


SÓ FALTA LULA SACAR UMA CARTA PSICOGRAFADA DE MARISA LETÍCIA

Fã ardoroso dos companheiros que levaram a Venezuela à bancarrota, Lula reza ─ ou algo do gênero ─ pela mesma cartilha diabólica. Em 2013, Nicolás Maduro afirmou ter conversado com um passarinho que seria a reencarnação de Hugo Chávez, o fundador da seita bolivariana. “De repente entrou um passarinho, pequenininho, e me deu três voltas aqui em cima, parou em uma viga de madeira e começou a cantar, um assobio lindo”, delirou Maduro. “Fiquei vendo-o e também cantei para ele, então. ‘Se você canta, eu canto’, e cantei. O passarinho me estranhou? Não. Cantou um pouquinho, deu uma volta e foi embora e eu senti o espírito de Chávez”, viajou o homem encarregado de concluir a missão do mestre de afundar o país.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

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(Meu texto na coluna de Augusto Nunes em 18 de janeiro de 2018)


EMBRIAGADO DE DELÍRIOS

Em mais um evento destinado a plateias amestradas, no Rio, o ex-presidente Lula deu sequência ao roteiro de delírios de quem sabe que está a caminho da fila de embarque no camburão. “Estranhei ‘um cara’ – é com tal desrespeito que um condenado se refere a um desembargador que irá julgá-lo em segunda instância — ler não sei quantas mil páginas em poucos dias, mas, como tem leitura dinâmica, pode ser”, debochou o cara que considera tortura ler uma página de qualquer coisa. Milhares de páginas o deixam tonto só de pensar.

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

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(Meu texto na coluna de Augusto Nunes em 16 de janeiro de 2018)


DELÍRIOS DE NARIZINHO

Vítimas de paixões cegas costumam exibir tendência ao delírio. Incapazes de encarar a realidade, acabam como José Dirceu, que durante o Mensalão afirmou estar quase convencido da própria inocência, ou como Dilma Rousseff, que disse enxergar um cachorro atrás sempre que olha para uma criança. Gleisi Hoffmann, presidente do PT, foi a mais recente vítima da armadilha mental na qual se colocam os que decidem defender o indefensável.

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

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(Meu texto na coluna de Augusto Nunes em 2 de janeiro de 2018)


TRF4 ESBOÇARÁ CARA DO BRASIL EM 2018

O julgamento em segunda instância de Lula pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em 24 de janeiro, dará contornos iniciais, mas talvez definitivos, à cara que o Brasil terá em 2018: se irá se tornar, finalmente, um país em que a Lei é para todos, ou se vivas almas muito vivas seguirão escapando por mais um tempo da cadeia sob os aplausos dos seguidores da seita e de espertalhões em geral. Enquanto exércitos de Sem-Noção se mobilizam para fazer barulho a favor do mestre em Porto Alegre, os brasileiros sem alma presa seguem esperançosos.