quinta-feira, 9 de abril de 2009

B O M F E R I A D O

Fiquem com a mensagem de Always Look on the Bright Side of Life, do filme A Vida de Brian (1979), do Monty Python.




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M Í D I A

Nas trincheiras da notícia

O GP da Malásia de Fórmula-1 é um teste de audiência no Brasil: só assiste quem gosta muito de ver carrinhos andando velozes por quase duas horas, afinal, 6h da manhã é tarde demais para uns, cedo demais para outros. Na dúvida, emendei. A corrida começou num ritmo capaz de espantar o sono, e a chuvarada que caiu em seguida parecia prometer grandes emoções. Que nada, a prova acabou com os carros parados, depois de uma espera de 50 minutos até ela ser encerrada por falta de condições da pista, por falta de luminosidade e por falta de bom senso dos dirigentes que – para torná-la mais agradável aos europeus – a colocaram num horário de chuvas notórias e anoitecer iminente.

Tão logo os carros foram alinhados no grid à espera da nova largada que não viria, enquanto os pilotos eram cobertos com guarda-chuvas, suas sapatilhas com galochas e os carros protegidos por lonas, Galvão Bueno pediu ao repórter Carlos Gil para que contasse o que acontecia na pista e nos boxes, o que pensavam os brasileiros, enfim, algo que não se estivesse vendo pela TV. Gil informou então que ele, a exemplo da maioria dos jornalistas, havia se abrigado numa área VIP de um dos patrocinadores do GP tão logo irrompera o aguaceiro. Galvão emendou: “Gil, sugiro que você vá até lá e nos conte o que está acontecendo”. O sugiro, antes de gentileza, foi por certo um merecido deboche. O friorento repórter não se constrangeu: “Pô, mui amigo, hein?”. Ou seja: o sujeito é pago para cobrir um dos mais importantes eventos esportivos do mundo para a maior rede de TV do País, que o manda até a Malásia e, quando uma enxurrada interrompe a prova sua primeira atitude é se abrigar, ficando bem longe da chuva. E da notícia.

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M Í D I A

Um dia a casa cai

A Veja da semana passada trouxe como matéria de capa o caso Daslu, com a chamada “A Queda da Casa do Luxo”. A associação foi imediata, afinal, “A Queda da Casa de Usher” é um dos mais famosos contos de Edgar Alan Poe. Esse foi meu primeiro pensamento. O segundo foi: quantos leitores ligaram o nome à pessoa? Não me considero possuidor de uma formação especialmente sólida, mas a simples condição de jornalista já implica certas obrigações, como níveis de leitura, de cultura geral e de atenção aos detalhes superiores à média. Comentei o título da Veja, sem citar Poe, com alguns jornalistas de, digamos, pouca milhagem, e nenhum deles fez a referência. Alguns sequer conheciam o conto. Felizmente, todos conheciam Poe, embora eu desconfie que poucos o tenham lido. O nível de cultura, tanto da alta quanto da baixa, cultura geral mesmo, anda cada vez menor, mesmo entre profissionais que ganham a vida com as palavras. O editor da Veja teve uma sacada, deve ter se sentido contente com isso, mas o segundo pensamento dele deve ter sido semelhante ao meu.

Leia A Queda da Casa de Usher na íntegra:
L I T E R A T U R A

Império à deriva


Raramente releio algo. A idéia de morrer sem ler tudo de bom que já foi escrito – temor comum a todos os apaixonados por livros –, e a certeza de que assim será, induzem-nos a deixar para trás textos já saboreados, ainda que prazeres incomparáveis nos façam sempre querer retornar a velhas páginas. Por razões de pesquisa – o livro é muito bom, mas está longe de integrar a estante VIP de minha biblioteca –, acabo de reler Império à Deriva, que lera havia apenas uns dois anos. O australiano Patrick Wilcken conta a saga da transferência da corte portuguesa para os trópicos, fugindo da dominação napoleônica na Europa, e os anos passados no Brasil até novas urgências a fazerem percorrer o caminho de volta. O livro, publicado pela Objetiva, traça um retrato deliciosamente cru do choque cultural inicial e de como a aristocracia de além-mar e a incipiente burguesia nacional souberam se adaptar e tirar vantagens mútuas da situação, num pacto de convivência que ajuda a entender a formação da moderna sociedade brasileira.


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J O R N A L I S M O

A inocência esquartejada

O texto a seguir saiu na edição de outubro da revista Brasileiros. Já faz tempo, mas a qualidade e o impacto que provoca justificam sempre sua reprodução. A reportagem foi realizada a quatro mãos por Augusto Nunes e sua filha Branca Nunes (em foto de João Bittar publicada na revista).

"Acho que você precisa saber disso", ouviu o delegado de Ribeirão Pires assim que atendeu o celular. Itamar Martins reconheceu a voz do delegado de plantão. Estranhou o tom aflito. Duas da madrugada, viu no relógio do criado-mudo. Associou o horário tardio ao sotaque da angústia e ficou em guarda. Um policial não interrompe o sono de outro, sobretudo na madrugada de um sábado, para tratar de miudezas. Nem se perturba por pouco. Alguma coisa grave devia ter acontecido. Acontecera: "Uns garis encontraram pedaços de dois corpos no caminhão do lixo". Não dormiria direito no fim de semana, conformou-se, já mudando de roupa e ansioso por cruzar no limite da velocidade os 17,5 quilômetros que separam a casa onde mora em Santo André da delegacia de Ribeirão Pires. As frases seguintes preveniram que não se livraria de visitas da insônia em muitas outras madrugadas. "Os sacos foram recolhidos no fim da noite, numa rua da Vila Aurora."(Itamar lembrou que aqueles meninos moravam lá.) "Parecem pedaços de crianças." (São aqueles meninos, soprou-lhe o instinto aguçado no convívio com a face escura.)

Continua em
http://www.revistabrasileiros.com.br/edicoes/15/textos/313/


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V I D A

Qualidade no atendimento à mulher

O câncer de mama é um problema de saúde pública no Brasil. Somente em 2009 serão registrados no País 50 mil novos casos. Trata-se da maior causa de morte de mulheres jovens (15 a 44 anos). Hoje 60% dos casos somente são diagnosticados quando a doença já se encontra em estágio avançado. De 14 a 17 de outubro, em Gramado (RS), ocorrerá o XV Congresso Brasileiro de Mastologia. No âmbito do Congresso será realizado no dia 16 de outubro o I Fórum Saúde Mulher, cujo ponto culminante será a elaboração Carta de Gramado, um documento que visa a comprometer todos os segmentos ligados à saúde, bem como governos, ONGs, voluntários e a sociedade civil como um todo, no sentido de que os recursos hoje existentes em diagnóstico e tratamento cheguem de fato às pacientes, melhorando a qualidade do atendimento. Ambos os eventos têm a presidência do mastologista José Luiz Pedrini.

Para saber mais ou se engajar nesta luta: