Por gentileza, leia este post! Obrigado!
O mundo precisa de mais delicadeza. Você
me daria a honra de ler um pequeno artigo de minha autoria sobre o assunto? Muito
grato pela atenção.
Vivemos tempos insanos, violentos,
rudes, talvez além do que nosso emocional possa suportar, ainda que a
resiliência cresça junto com a crueza. O medo está nas ruas, e delas não
podemos escapar, precisamos seguir vivendo. O perigo pode surgir no próximo
cruzamento, no próximo sinal, nesta calçada ou lá na esquina. Chegamos ao ponto
de suspirar: “bons tempos em que ladrões apenas roubavam”. Crimes de morte
sempre existiram, mas o atual nível de banalização da vida é por demais
assustador.
Ladrões roubavam, depois ladrões
roubavam e matavam se a vítima reagisse, em seguida matavam se a pobre alma
indefesa se mexesse mais bruscamente ou espirrasse, fazendo detonar o mecanismo
interno de ódio e medo do agressor, manifestado pelo dedo no gatilho, a mão na
faca. Agora o assassinato virou a primeira opção. Pela facilidade, pelo
ressentimento, pelo prazer hediondo, pela impunidade.
Sobreviver tornou-se um desafio e tanto.
E quem dera fosse só esse o perigo. Ele está também nas ruas, avenidas e
estradas, onde pessoas aparentemente normais se convertem em potenciais
psicopatas pelo efeito obscuro provocado por um volante e um acelerador. Onde
motoristas não respeitam motociclistas que não respeitam ciclistas que não
respeitam pedestres que não respeitam ninguém.
Nas filas de bancos e repartições
públicas, nas briga por vagas de estacionamento, para entrar primeiro no
elevador, os carrinhos largados a esmo nos corredores dos supermercados, em
toda parte a ocupação do espaço tornou-se uma guerra, cada um a garantir seus
poucos metros ou centímetros de cidadela, assim, por nada, só para se sentir por
instantes pseudodono de um pseudoterritório, não importa o quanto prejudique o
próximo, ou, talvez, importa sim, e quanto maior o prejuízo, maior o regozijo.
O momento de relaxar é cada vez mais
raro. Estar cercado de amigos, em bares e restaurantes, não nos livra do risco
de um arrastão, de uma bala perdida, de um tiro dado por dar. Mesmo em casa, a
sensação de medo não desaparece. Os noticiários nos alertam, mas eles não têm
culpa, refletem o que acontece nas ruas. E não adianta desligar a TV e vir para
o computador. As redes sociais, por mais que selecionemos os amigos do modo
mais criterioso, nunca estarão livres de invasores, amigos de amigos, miríades
de potenciais agressores.
Mas, pior do isso, é ver os amigos, os
tais selecionados tão criteriosamente, muitas vezes se comportando de um modo a
não os reconhecermos. Pessoas boas, íntegras, generosas – ou que assim se
supunha –, transformam-se diante da exposição fácil, como num Big Brother
virtual, agredindo para ganhar espaço e curtidas destinadas a alimentar a frágil
autoestima. Outros mantêm a boa postura, mas, diante de tudo que acontece no
mundo real e agora também no virtual, revelam pouquíssima paciência.
Estamos ficando cada vez mais
intolerantes. Estamos deixando que o cotidiano ameaçador nos torne mais e mais
rudes. Vamos utilizar o “mais” de outros jeitos. O mundo precisa de mais
gentileza. Precisa manifestar sem pudor e o tempo todo o imbatível trio “com
licença, por favor, obrigado”. Precisamos abrir portas, oferecer flores, falar de
natureza, animais e livros. Precisamos amar e respeitar mais as pessoas. Mas
talvez, antes, precisemos de algo mais difícil: amar e respeitar mais a nós
mesmos.