sexta-feira, 29 de agosto de 2008

BOM FIM DE SEMANA

Ingrid

Em tributo a Ingrid Bergman, the best, que nasceu e morreu num 29 de agosto, repito aqui o vídeo de Casablanca.


BOM FIM DE SEMANA (2)

Michael Jackson, 50 anos

Eu pretendia escrever um longo texto sobre Michael Jackson, cuja obra é muitas vezes subestimada em função do preconceito, e que completa hoje 50 anos. Faltou-me tempo, se der ainda escreverei nos próximos dias. Por enquanto, fiquem com Man in the Mirror.


terça-feira, 26 de agosto de 2008

BRASIL


O texto a seguir já foi publicado no site coletiva.net. Decidi republicá-lo aqui por duas razões. A primeira é o escândalo do reitor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Ulysses Fagundes Neto, que se demitiu ontem em função das acusações de uso do cartão corporativo em causa própria. Entre os gastos indevidos figura a compra de um aparelho de barbear e de uma escova de cabelos por R$ 300 em Miami.

A segunda razão é contribuir para que o recente escândalo dos cartões corporativos não seja esquecido. Alguém foi punido? Algo mudou? A farra continua? O assunto é repetitivo? Paciência, a roubalheira também.




Porque a farra é agora


Mesmo os corruptos têm de se modernizar. Por que carregar dinheiro na cueca se é muito mais fácil, moderno e impune sacar o cartão corporativo? Bandidos sempre sacaram: armas brancas, prosaicas pistolas ou modernos fuzis de uso militar. Por que a bandidagem que chafurda nos pântanos do Planalto teria pudores em sacar o cartão? Cartão corporativo: não circule no lodo sem ele.

O episódio Valdomiro “Só Quero Um Por Cento” Diniz, aquele que assessorava o Zé Dirceu que era o braço direito do Lula que não sabia de nada, escancarou uma verdade que todo homem decente aprende no berço: não existe meio corrupto. Do mimo para o servidor público apressar um alvará a prodigiosos assaltos aos cofres públicos, corrupção é corrupção. O meio corrupto é tão ficcional quanto a ligeiramente grávida.

O que os eventos perpetrados no lamaçal da República evidenciam é tão somente a pequenez dos contraventores. Se vão prevaricar, que o façam com alguma “catiguria”, como ensinou a Bebel da deliciosa Camila Pitanga. Tungar o bolso do cidadão para comprar rosquinhas é um tanto demais.

Depois dos larápios federais com algum espírito de grandeza – ao menos andavam de Land Rover – chegou a vez da chinelagem. Trata-se de uma espécie de bolsa-família dos corruptos. Já não se estende um discreto envelope por baixo da mesa, passa-se o cartão. Certas coisas na vida de um corrupto chinelão não têm preço. Para todas as outras existe o cartão corporativo.

Como nunca antes na história desse País, a malversação do erário tornou-se política de Estado. Governos infestados de corruptos não são novidade nos flexíveis trópicos. O que espanta é a desfaçatez. Simulações, fachadas e álibis converteram-se em peças de museu. É tudo à luz do dia mesmo. Como diz a velha frase sobre amores clandestinos em hora imprópria, antes à tarde do que nunca. Porque a farra é agora.



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Livro (1)


Produto Nacional – Uma História da Indústria no Brasil, lançado neste mês em Brasília, celebra os 70 anos da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O livro foi escrito por Eduardo Bueno (na foto com a obra), que dispensa apresentações, com a minha colaboração nos textos.

O lançamento teve a presença do vice-presidente da República, José Alencar, de mais de dez ministros de Estado, do ex-ministro Jarbas Passarinho, da atriz Fernanda Montenegro e dos empresários Roberto Irineu Marinho (Rede Globo), Jorge Gerdau Johannpeter (Grupo Gerdau), Roberto Civita (Editora Abril), Otavio Frias Filho (Folha de S. Paulo) e Norberto Odebrecht (Organização Odebrecht), entre outras personalidades.


Crédito da foto
Miguel Ângelo/Divulgação CNI



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Livro (2)


O livro Falange Gaúcha – O Presídio Central e a História do Crime Organizado no RS, da RBS Publicações, será lançado no dia 4 de setembro, a partir das 19h30min, na Livraria Saraiva do Praia de Belas Shopping, em Porto Alegre.

O autor é Renato Dornelles, de quem fui colega no jornal Zero Hora. Repórter especializado em coberturas policiais e crítico carnavalesco, Renatinho, além de competente, é um grande sujeito.

Tive o prazer de reencontrá-lo agora porque atuei como editor de texto de Falange Gaúcha.

A obra é uma adaptação de uma série de reportagens publicadas no Diário Gaúcho, agraciada com o Prêmio ARI, o mais importante do Estado.


Crédito das fotos: Divulgação


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COFFEE BREAK


Curtam a abertura de A Turma do Balão Mágico, de 1984. E depois continuem no Blog, porque a seguir Augusto Nunes fala sobre os heróis olímpicos brasileiros, apesar do Brasil.



TOCO Y ME VOY


HERÓIS NACIONAIS, APESAR DO BRASIL


Augusto Nunes


"É a maior delegação brasileira de todos os tempos", orgulhou-se pouco depois da chegada a Pequim o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman. "Isso prova que o Rio está pronto para sediar a Olimpíada de 2016". O que tinha uma coisa a ver com a outra?, perguntou a cara de espanto dos jornalistas. "Temos 277 atletas", sorriu Nuzman. "A Espanha, 16 anos depois dos jogos de Barcelona, tem 290. É quase a mesma coisa". Pena que o tamanho de delegação não se inclua entre os critérios que orientam a escolha da cidade-sede.

Pena, sobretudo, que não seja um esporte olímpico. Se fosse, o Brasil logo teria fortíssimas chances de superar em número de medalhas de ouro a Espanha (seis em Pequim) e, em seguida, qualquer potência olímpica. Porque o país tropical estaria para a modalidade como os Estados Unidos para o basquete, como a Jamaica para os 100 metros rasos. Fizemos bonito na China: além dos 277 competidores festejados por Nuzman, desembarcaram 192 não-atletas, o que faz a conta subir para 469 cabeças.

A lista inclui João Havelange, 92 anos, o mais idoso (e talvez o mais conhecido) cartola do planeta. O COB não informou se nela entraram também o presidente Lula, (que ficou por lá dois ou três dias) e o ministro Orlando Silva (que só se animou a voltar ao local de trabalho depois da festa de encerramento). Nenhum dos dois sabe como se escreve taekwondo (o Brasil buscou um bronze na modalidade), nem se as provas são disputadas num gramado ou num trampolim. Mas ambos endossaram com a voz firme de especialista o estranho raciocínio desenvolvido por Nuzman. O Rio merece a Olimpíada de 2016.

E o Brasil só precisa disso para entrar de vez no clube das potências pluriesportivas. Falta pouco, repetem cartolas e governantes desde 1920, quando o país estreou nos Jogos Olímpicos da era moderna e a equipe de tiro trouxe de Antuérpia uma medalha de ouro e uma de bronze. Falta tudo, discorda a interminável procissão de fiascos que os patriotas, os cretinos e os muito espertos fingem não enxergar.

Em 88 anos, incluídas as que premiaram os desempenhos soberbos de Maurren Maggi, de César Cielo e da seleção feminina de vôlei, o país conquistou 20 medalhas de ouro. Seis a mais que as obtidas pelo nadador Michael Phelps em duas Olimpíadas. O novo imperador das piscinas é um vencedor também por ter nascido nos EUA. Maurren, Cielo e as heroínas das quadras triunfaram apesar do país onde nasceram. Eles fazem parte do 1,1% da população economicamente ativa que pratica ou praticou algum esporte.

Um americano que nunca tenha corrido numa pista, saltado numa quadra, mergulhado numa piscina ou feito coisa parecida corre o risco de ser apontado nas ruas como um extravagante vocacional. Quase todos são ou foram, de alguma forma, esportistas. Lá, os campeões nascem no curso primário, crescem no colegial, aprendem na adolescência que vale a pena representar a escola em qualquer competição, aperfeiçoam-se nas equipes da universidade que lhes ofereceram bolsas e, quase sempre, enriquecem como atletas profissionais.

No País do Futebol, um jovem que passa a tarde inteira numa piscina em Santa Bárbara D´Oeste, como fazia César Cielo, ou uma garota bonita que gasta o tempo voando baixo numa pista de terra em São Carlos, caso de Maurren, parecem tão lógicos como um napoleão de hospício. A rainha do salto em distância deve a medalha a ela mesma. O nadador mais veloz do mundo não teria chorado ao som do Hino Nacional se não tivesse tido o patrocínio do pai e passado muitos meses em piscinas americanas, orientado pelo técnico australiano que só chegou a Pequim porque Cielo venceu também a ciumeira da cartolagem.

"Meu Deus, o que fiz de errado?", perguntava a grande Marta, olhando para o céu, depois da derrota na final do futebol feminino. Nada, deveriam ter berrado em coro todos os santos. Não se pode culpar a melhor jogadora do mundo por ter nascido aqui. Marta só teve a má sorte de chegar ao mundo pela mesma rota de Bárbara, a goleira da seleção, que entrou em campo pouco depois de saber que, com a dissolução do time brasileiro onde sobrevivia, perdera o emprego. Bárbara saiu do estádio com uma medalha de prata. Continua à procura de trabalho.


Publicado originalmente na Gazeta Mercantil.


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