quarta-feira, 25 de junho de 2008

FALTA CRIATIVIDADE NO MUNDO REAL


Laís Flores

Eu vejo o futuro repetir o passado. / Eu vejo um museu de grandes novidades. (Cazuza em O Tempo não Pára).

As notícias nos jornais e na TV se repetem de tal forma que nunca sabemos se o que o casal das oito e quinze da noite diz é algo que aconteceu muito ou pouco tempo atrás. Os Nardoni, por exemplo, ganharam seguidores e agora uma mãe e um padrasto são acusados de matar um menino de cinco anos. Mudaram apenas o sexo dos personagens e a verba da produção do filme – sai muito caro para a polícia contratar um promotor com cara de mau, um policial pedófilo e helicópteros para a reconstituição da cena do crime.

Se o assunto é recorde de bilheteria, as garotas de Massachusetts tentaram ganhar o Oscar de Melhor Roteiro Original, assim como no filme Juno, engravidando ainda na adolescência e achando a coisa mais normal do mundo. Isso sem falar dos soldados que, pensando estar no filme de José Padilha, entregam três jovens residentes do Morro da Providência para traficantes da favela vizinha pois, como diria o Capitão Nascimento, “quem é fanfarrão tem de ser torturado e pedir pra sair”. As atitudes dos soldados não os fizeram conquistar prêmios em Berlim, e o único “prêmio” que as 17 adolescentes grávidas ganharam virá em nove meses.

Sempre pensei que tais atitudes, como bater em uma atriz pensando que esta fosse de fato alguma assassina sanguinária, ou imitar a ação de um personagem de novela fosse coisa de “tia velha”, que dá “bom dia” para o Renato Machado e “boa noite” para o William Bonner, mas parece que teremos de voltar aos velhos tempos e colocar mais mocinhas de novela das seis que comem o pão que o Diabo amassou nas mãos do marido malvado e menos Jack Bauers lutando contra o vilão do terrorismo.