sexta-feira, 6 de outubro de 2017

  PUBLICADO EM VEJA.COM  
(Meu texto na coluna de Augusto Nunes em 6 de outubro de 2017)



É A HORA DO TERRORISTA VOLTAR PARA CASA

Depois de curtir longos anos de exílio dourado com a segurança, a fartura e o conforto negados a milhões de brasileiros decentes, é hora do terrorista italiano Cesare Battisti encerrar as férias e voltar para seu país. Lá, será enfim apresentado ao dissabor de uma prisão perpétua, pena reservada a criminosos de alto quilate, algo que ele só não é aos olhos da companheirada complacente.

Condenado por quatro assassinatos cometidos nos anos 1970, Battisti experimenta sem sobressaltos as delícias de um vidão nos trópicos desde 2009, quando o Supremo decidiu não decidir sobre o destino do criminoso notório. Ao autorizar a extradição, mas conceder ao então presidente Lula a prerrogativa de dar a palavra final sobre o assunto, o STF deixou Battisti nas mãos amigas do homem que nunca soube de nada e, portanto, jurava não estar diante de um terrorista, mas sim de um perseguido político.

A despeito de haver um tratado de extradição que o obrigava a despachar o companheiro bandido rumo a uma cana permanente na Itália, o governo Lula foi em direção contrária à lei. A serviço da viva alma muito viva, o então Ministro da Justiça, Tarso Genro, recusou-se a entregar Battisti ao governo italiano, dois anos depois de devolver a Cuba os dois pugilistas que tentaram aproveitar os Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio, para escapar da ilha-prisão comandada pelo ditador Fidel Castro havia cinco décadas.

A Itália pede novamente a volta de Battisti, preso ao tentar sair do Brasil com dólares e euros não declarados. Considerando-se que o Supremo já decidiu não decidir, na teoria basta o presidente Michel Temer assinar o documento de extradição. A menos que o STF agora decida decidir de novo para decidir que, desta vez, decidirá. Mesmo assim, como existe um acordo de extradição, e a menos que ocorra mais uma interpretação malandra do que está escrito, basta cumprir a lei.
(Foto: Reprodução)

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