Ecobravatas
Carlos Minc é hilário. Fosse apenas um careca cabeludo temporão com coletes de mau gosto, comprados em algum brechó com nome do gênero “Ao Palhaço Elegante”, talvez representasse boa companhia para um chopes num pé-sujo de Copacabana. Investido dos poderes da República, torna-se uma ameaça. Meio Ambiente é coisa séria. A Amazônia não é território a ser conquistado numa rodada de War. Ou de chopes.
Marina Silva tinha todo o conteúdo do mundo, mas não se fazia ouvir. Minc apenas se faz ouvir. O tempo todo, e das piores maneiras possíveis. Verborrágico vocacional, faz a alegria dos editores das seções de “frases da semana” ao cunhar asneiras antológicas. “Não adianta chorar a seiva derramada”, derrama-se o ministro. “Preciso controlar a ecoansiedade”, descontrola-se Minc.
Como nunca na história desse País, a Amazônia tomba ao som das motosserras. O verdugo genuíno, no entanto, encontra-se a distância segura da Floresta. Nos gabinetes do Planalto engendra-se a verdadeira matança, não pela ação, mas pela omissão. Na melhor das hipóteses, o homicídio doloso se converte em culposo. O governo Lula é perito em encarnar a máxima shakespeareana: muito barulho por nada, mais do que uma estratégia, parece ser uma vocação. O ministro ladra, as motosserras avançam.
Travestido de homem providencial, para Lula o ministro Minc é o personagem certo no lugar certo. Enquanto, com uma mão, empunha a aspada acusatória contra os desmatadores, com a outra desembainha a caneta que assina decretos inócuos, pacotes pirotécnicos e letras tão mortas quanto as árvores seculares convertidas em lucro fácil para empresários, especuladores e espertalhões de variados matizes. A Amazônia nunca esteve tão à deriva.
Crédito da foto
Jefferson Rudy/MMA
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