segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

 MEMÓRIA 

A INESQUECÍVEL MADRUGADA DE 11 DE DEZEMBRO DE 1983

Quando o Grêmio ganhou sua primeira Libertadores eu acabara de chegar à editoria de esportes do jornal Zero Hora, promovido "da base", depois de três anos na revisão e tendo me formado havia meses. Comecei no “esporte amador”, como à época se classificava tudo que não fosse futebol ou competições automobilísticas. Logo fui encarregado de produzir uma série especial dominical de duas páginas sobre a história das Olimpíadas, um ano antes da realização dos Jogos de Los Angeles, além da cobertura do dia a dia. No entanto, em ocasiões especiais como uma final de Libertadores, formava-se, como ocorre até hoje, o que se chama nas redações de "força-tarefa", da qual todos os integrantes da editoria são convocados a participar (em alguns casos, até gente de outras áreas). Ajudei na cobertura com textos secundários. Na decisão do Mundial, em 11 de dezembro, fui escalado para cumprir uma pauta típica de novatos, a chamada "ambiental"  nada a ver com meio ambiente, mas com descrever o ambiente, ou seja, o comportamento das pessoas diante de um fato.

Saí da redação antes do início do jogo, já próximo da meia-noite, na companhia do fotógrafo Arivaldo Chaves, com a missão de percorrer os principais bares e casas noturnas de Porto Alegre e registrar a emoção dos torcedores assistindo à partida em TVs e telões. Passamos por muitos lugares e, em cada um deles, éramos “intimados” a beber ao menos um copo, uma latinha, uma dose. Estávamos a trabalho, e eu ainda era um menino bem comportado naquele tempo, mas, depois de alguma insistência, quando pareceria soberba não aceitar a gentileza, bem, o que fazer, eu acabava aceitando.

Voltei para a redação um tantinho bêbado e a tempo de assistir à prorrogação e ao gol decisivo do Renato. Garantido o título, Grêmio campeão do Mundo, era hora de esquecer a tonteira e a empolgação, tínhamos uma edição extra para fechar, lá pelas três da madrugada, para ser impressa minutos depois e ganhar as bancas e esquinas de Porto Alegre. Não era apenas mais uma edição, mas uma edição histórica. Depois de entregar minha tarefa 
 ainda durante a prorrogação , fiz outros textos curtos, até épicos, embora não assinados. Por todas as razões, como jornalista principiante e como torcedor do Grêmio, foi uma madrugada inesquecível. 

Provavelmente eu teria sido escalado para a mesmo pauta, e por certo teria dado meu melhor, caso não fosse o Grêmio. Teria sido profissional, como sempre fui, e ainda mais em começo de carreira, querendo mostrar meu trabalho. Mas não estaria feliz. Ainda bem que o destino foi legal comigo. E seria de novo na nossa segunda Liberta, em 1995, quando, depois de longo tempo em outras áreas e funções, eu voltara no ano anterior para assumir a editoria de esportes. Mas aí é outra história.

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