MICHAEL JACKSON
Jamais haverá outro como ele
Lembro-me de tê-lo ouvido pela primeira vez quando eu tinha uns oito anos de idade, e ele 10, embora possa ter sido antes. I’ll be there, Ben, Music and Me, Happy, canções pueris, cujas letras eu desconhecia, embalavam meus irrealizáveis sonhos românticos da infância. Então, o menino-prodígio do Jackson Five cresceu, mas conseguiu segurar os agudos, deu show de bola na carreira-solo e virou ícone mundial. Tive o privilégio de cobrir para Zero Hora quatro shows da turnê Dangerous, dois em Buenos Aires e dois no Morumbi, em São Paulo, em outubro de 1993. Momentos inesquecíveis em que assisti ao vivo a toda aquela magia.
Genuíno príncipe herdeiro da música negra americana, Michael misturou ritmos improváveis, revitalizou o pop, reinventou o videoclipe, cantou e dançou como ninguém. Elevado à categoria de mito, depois de personagem quase ficcional, isolado em sua Terra do Nunca particular, por vezes sucumbiu à própria fantasia. E como a mídia que incensa é a mesma que destrói, virou fonte inesgotável de assunto. Mas não podia se queixar disso, ao menos não inteiramente, pois contribuía para sua própria desconstrução. “Ninguém é normal quando está no palco desde os cinco anos de idade”, desabafou certa vez, ao receber o Grammy na auto-explicativa categoria de Lenda.
Lamentavelmente, a cor de sua pele, a sexualidade, as cirurgias plásticas, as acusações de abuso, tudo isso acabou se sobrepondo no imaginário de milhões de pessoas aos atributos do artista genial, cujo legado para a música internacional é de uma dimensão que a maioria ainda levará muito tempo para compreender. Michael era único, daquela categoria de artistas dos quais se pode dizer que jamais haverá outro sequer parecido. Um dos últimos grandes, verdadeiramente grandes. E como a maioria deles, parte cedo. A relação brilho intenso, vida breve prevalece mais uma vez.
Enquanto escrevia eu ouvia algumas de suas incontáveis canções de sucesso – Man in the Mirror é minha predileta, e era também a dele. Este texto está longe de expressar todo o significado de Michael, mas foi escrito sob a emoção da notícia que acabou de chegar, e que ainda nem foi adequadamente digerida. A notícia de que milhões de fãs em todo o mundo perderam sua estrela, de que ele nos deixou em desassossego, mas de que talvez ele, enfim, tenha paz.
Publicado originalmente no jornal Zero Hora.
Jamais haverá outro como ele
Lembro-me de tê-lo ouvido pela primeira vez quando eu tinha uns oito anos de idade, e ele 10, embora possa ter sido antes. I’ll be there, Ben, Music and Me, Happy, canções pueris, cujas letras eu desconhecia, embalavam meus irrealizáveis sonhos românticos da infância. Então, o menino-prodígio do Jackson Five cresceu, mas conseguiu segurar os agudos, deu show de bola na carreira-solo e virou ícone mundial. Tive o privilégio de cobrir para Zero Hora quatro shows da turnê Dangerous, dois em Buenos Aires e dois no Morumbi, em São Paulo, em outubro de 1993. Momentos inesquecíveis em que assisti ao vivo a toda aquela magia.
Genuíno príncipe herdeiro da música negra americana, Michael misturou ritmos improváveis, revitalizou o pop, reinventou o videoclipe, cantou e dançou como ninguém. Elevado à categoria de mito, depois de personagem quase ficcional, isolado em sua Terra do Nunca particular, por vezes sucumbiu à própria fantasia. E como a mídia que incensa é a mesma que destrói, virou fonte inesgotável de assunto. Mas não podia se queixar disso, ao menos não inteiramente, pois contribuía para sua própria desconstrução. “Ninguém é normal quando está no palco desde os cinco anos de idade”, desabafou certa vez, ao receber o Grammy na auto-explicativa categoria de Lenda.
Lamentavelmente, a cor de sua pele, a sexualidade, as cirurgias plásticas, as acusações de abuso, tudo isso acabou se sobrepondo no imaginário de milhões de pessoas aos atributos do artista genial, cujo legado para a música internacional é de uma dimensão que a maioria ainda levará muito tempo para compreender. Michael era único, daquela categoria de artistas dos quais se pode dizer que jamais haverá outro sequer parecido. Um dos últimos grandes, verdadeiramente grandes. E como a maioria deles, parte cedo. A relação brilho intenso, vida breve prevalece mais uma vez.
Enquanto escrevia eu ouvia algumas de suas incontáveis canções de sucesso – Man in the Mirror é minha predileta, e era também a dele. Este texto está longe de expressar todo o significado de Michael, mas foi escrito sob a emoção da notícia que acabou de chegar, e que ainda nem foi adequadamente digerida. A notícia de que milhões de fãs em todo o mundo perderam sua estrela, de que ele nos deixou em desassossego, mas de que talvez ele, enfim, tenha paz.
Publicado originalmente no jornal Zero Hora.
6 comentários:
Caro Eli, o tempo passa... Gostei da tua homenagem a Michael Jackson.
Lembra daquela jaqueta que mandaste costurar, cheia de zíperes, lá pelos idos dos anos 80?
Grande beijo
Roselaine, da Alemanha
Ei amigo, brilhante e emocionante descrição!
Todos que temos ouvido, sensibilidade e respeito pela arte, sentiremos falta dele...
Grande Eli. Li teu texto logo de manhã. Não tenho dúvida de que tanto interesse pela vida pessoal do Jacko se deve tão somente ao absurdo talento musical e artístico do cara e o que ele representou para a cultura pop. E acho que a música é que vai prevalecer na memória popular, cada vez mais, com o passar do tempo, e não a "troca de cor" e demais acontecimentos bizarros.
abraço
Amigo,
estava esperando a tua crônica. Conseguiste conciliar com brilho a emoção do fã e o rigor técnico/estilístico do repórter.
Li emocionado.
Valeu!
Lindo texto. Michael realmente é único e inesquecível. Além da criatividade e inovação na música, na dança e nos clips, me faz lembrar momentos pessoais (como não poderia deixar de ser, com essa influência). Deixa saudades. RIP MJ
Você escreveu tudo o que eu penso....
Valeeeeuuuuuu.. beijão da BIA
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