A inesquecível noite de 11 de
dezembro de 1983
Depois de três anos na revisão do
jornal Zero Hora, dois dos quais numa precoce chefia, e tendo me formado em
jornalismo no final de 1982, em meados do ano seguinte recebi uma oportunidade
de passar para a redação. As portas foram-me abertas por Emanuel Mattos, grande
editor de uma grande (nos dois sentidos) equipe de esportes. Comecei no “Esporte
Amador”, como à época se rotulava tudo que não fosse futebol ou competições automobilísticas.
Em seguida tornei-me subeditor de “amador”, sob a liderança competente e gentil
do saudoso Evaldo Gonçalves, e logo virei responsável pela pré-cobertura dos
Jogos Olímpicos de Los Angeles, que seriam realizados no ano seguinte.
Era nessa condição que eu me
encontrava no final de 1983, quando o Grêmio foi para Tóquio decidir o título
mundial contra o Hamburgo. Mesmo não sendo “do futebol”, em ocasiões assim
especialíssimas toda a equipe era mobilizada. Como novato da equipe, fui
escalado para aquilo que chamávamos de pauta “ambiental”. Nada a ver com meio
ambiente, mas com descrever o ambiente, ou seja, o comportamento das pessoas
diante de um fato.
Saí da redação antes do início do
jogo, já próximo da meia-noite, na companhia do fotógrafo Arivaldo Chaves, com
a missão de percorrer os principais bares e casas noturnas de Porto Alegre e
registrar a emoção dos torcedores assistindo à partida em TVs e telões. Passamos
por muitos lugares e, em cada um deles, fomos “intimados” a beber ao menos um
copo, uma latinha, uma dose. Estávamos a trabalho, e eu era bem conservador,
mas, depois de alguma insistência, quando pareceria soberba não aceitar a
gentileza, bem, o que fazer, eu acabava aceitando.
Voltei para a redação um tantinho
bêbado, e a tempo de assistir à prorrogação e ao gol decisivo do Renato. A
equipe, na maioria gremista, deixou extravar a emoção. O grupo era, digamos,
pouco convencional, mas funcionava. Garantido o título, Grêmio campeão do
mundo, era hora de esquecer a tonteira e a empolgação, tínhamos um jornal para
fechar, lá pelas três de madrugada. Não apenas um jornal, mas uma edição
histórica. Por todas as razões, como jornalista e como torcedor do Grêmio, foi
uma noite inesquecível.
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