quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

A inesquecível noite de 11 de dezembro de 1983

Depois de três anos na revisão do jornal Zero Hora, dois dos quais numa precoce chefia, e tendo me formado em jornalismo no final de 1982, em meados do ano seguinte recebi uma oportunidade de passar para a redação. As portas foram-me abertas por Emanuel Mattos, grande editor de uma grande (nos dois sentidos) equipe de esportes. Comecei no “Esporte Amador”, como à época se rotulava tudo que não fosse futebol ou competições automobilísticas. Em seguida tornei-me subeditor de “amador”, sob a liderança competente e gentil do saudoso Evaldo Gonçalves, e logo virei responsável pela pré-cobertura dos Jogos Olímpicos de Los Angeles, que seriam realizados no ano seguinte.
Era nessa condição que eu me encontrava no final de 1983, quando o Grêmio foi para Tóquio decidir o título mundial contra o Hamburgo. Mesmo não sendo “do futebol”, em ocasiões assim especialíssimas toda a equipe era mobilizada. Como novato da equipe, fui escalado para aquilo que chamávamos de pauta “ambiental”. Nada a ver com meio ambiente, mas com descrever o ambiente, ou seja, o comportamento das pessoas diante de um fato.
Saí da redação antes do início do jogo, já próximo da meia-noite, na companhia do fotógrafo Arivaldo Chaves, com a missão de percorrer os principais bares e casas noturnas de Porto Alegre e registrar a emoção dos torcedores assistindo à partida em TVs e telões. Passamos por muitos lugares e, em cada um deles, fomos “intimados” a beber ao menos um copo, uma latinha, uma dose. Estávamos a trabalho, e eu era bem conservador, mas, depois de alguma insistência, quando pareceria soberba não aceitar a gentileza, bem, o que fazer, eu acabava aceitando.
Voltei para a redação um tantinho bêbado, e a tempo de assistir à prorrogação e ao gol decisivo do Renato. A equipe, na maioria gremista, deixou extravar a emoção. O grupo era, digamos, pouco convencional, mas funcionava. Garantido o título, Grêmio campeão do mundo, era hora de esquecer a tonteira e a empolgação, tínhamos um jornal para fechar, lá pelas três de madrugada. Não apenas um jornal, mas uma edição histórica. Por todas as razões, como jornalista e como torcedor do Grêmio, foi uma noite inesquecível.


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