M Í D I A
Nas trincheiras da notícia
O GP da Malásia de Fórmula-1 é um teste de audiência no Brasil: só assiste quem gosta muito de ver carrinhos andando velozes por quase duas horas, afinal, 6h da manhã é tarde demais para uns, cedo demais para outros. Na dúvida, emendei. A corrida começou num ritmo capaz de espantar o sono, e a chuvarada que caiu em seguida parecia prometer grandes emoções. Que nada, a prova acabou com os carros parados, depois de uma espera de 50 minutos até ela ser encerrada por falta de condições da pista, por falta de luminosidade e por falta de bom senso dos dirigentes que – para torná-la mais agradável aos europeus – a colocaram num horário de chuvas notórias e anoitecer iminente.
Tão logo os carros foram alinhados no grid à espera da nova largada que não viria, enquanto os pilotos eram cobertos com guarda-chuvas, suas sapatilhas com galochas e os carros protegidos por lonas, Galvão Bueno pediu ao repórter Carlos Gil para que contasse o que acontecia na pista e nos boxes, o que pensavam os brasileiros, enfim, algo que não se estivesse vendo pela TV. Gil informou então que ele, a exemplo da maioria dos jornalistas, havia se abrigado numa área VIP de um dos patrocinadores do GP tão logo irrompera o aguaceiro. Galvão emendou: “Gil, sugiro que você vá até lá e nos conte o que está acontecendo”. O sugiro, antes de gentileza, foi por certo um merecido deboche. O friorento repórter não se constrangeu: “Pô, mui amigo, hein?”. Ou seja: o sujeito é pago para cobrir um dos mais importantes eventos esportivos do mundo para a maior rede de TV do País, que o manda até a Malásia e, quando uma enxurrada interrompe a prova sua primeira atitude é se abrigar, ficando bem longe da chuva. E da notícia.
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Um comentário:
Cacilda...
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