Relíquias em preto e branco
Meu pai gostava tanto de fotografar quanto de ser fotografado, numa época em que câmeras eram caras, muitas vezes precárias, e fotografar exigia certo esforço, sem contar a burocracia e os custos de revelação e cópias. Graças a este gosto, e aos cuidados de minha mãe na preservação do arquivo, tenho hoje a possibilidade de digitalizar (em alguns casos, com grande perda de qualidade, até por minhas condições amadoras) verdadeiras relíquias.
Além disso havia o capricho dele em anotar atrás das fotos o local, a situação, a data e o que mais considerasse relevante, em letra inteligível e bonita. Minha mãe sempre brincava que, ao contrário do que costumava acontecer, a letra bonita da casa era a do menino, e não a da menina.
Publiquei no FB algumas destas jóias, cujas legendas são, na maioria, as que ele mesmo anotou, por isso estão entre aspas.
Outro detalhe curioso. Meu pai deveria se chamar Eliziário Bueno, mas, ao fazer ele próprio seus primeiros documentos "de adulto", optou por utilizar o Rocha, sobrenome da mãe, e tirou o Bueno do pai. Segundo ele me explicou, não se tratava de qualquer problema em relação ao pai, ele simplesmente não gostava de Bueno, preferia Rocha, foi uma decisão puramente estética.
Percebe-se pelas anotações nas fotos que na juventude ele utilizava a forma reduzida Elizio. Depois passou a ser o Eliziario (eu uso com acento, ele usava sem) e finalmente adotou em definitivo Rocha como forma preferencial de tratamento. Por isso, por ele ser o Rocha, eu ao natural usei sempre o primeiro nome, até para não confundir, embora eu não seja Júnior, pois tenho o Goulart de minha mãe.
A foto que ilustra este texto (no escritório da Otaic S.A. São Paulo, em novembro de 1952) é a minha preferida deste "lote", pela composição do quadro e pela luz. Para olhar o álbum inteiro, faça-me uma visita no FB. O ícone na coluna à direita leva direto para minha página.
Reparto com vocês algumas curiosidades familiares nesta época de lembranças e balanços.
Um grande 2014 para todos.
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