Bill Bernbach, o criador do "pense pequeno"

No final dos ’50, a intensa disputa
geopolítica com a União Soviética e o orgulho por ter acabado com o terror do
Terceiro Reich reforçavam nos americanos a atitude de pensar grande. O tamanho
e a potência dos carros não eram frutos do acaso, antes refletiam sua época.
Diante do desafio de lançar o pequeno estrangeiro feioso, pensar a propaganda de
modo convencional não funcionaria, era preciso quebrar paradigmas. Foi aí que
entrou o toque de gênio de Bill Bernbach. Na contramão do pensamento dominante,
e arriscando o prestígio da agência, ousou como só os grandes ousam: “Pense
pequeno” foi o mote da campanha que apresentou aos americanos o Beetle
(Besouro), que no Brasil se eternizaria como Fusca. (Leia a continuação clicando no link abaixo).
A ideia era reforçada por uma foto
pequena do carro em fundo branco (a peça
original ilustra esta página). Em estilo minimalista, de acordo com o
produto anunciado, a campanha enaltecia as virtudes do carro dentro do conceito
do “mais é menos”, que viria a se consagrar em larga escala muito tempo depois.
Atrevida, criativa, inovadora, vendia antes a ideia, a valorização da ausência
de ostentação e do desperdício em favor da praticidade, da economia e de um
estilo mais leve e despojado de vida. Criava no consumidor americano um
improvável desejo de consumo, tornando a eventual compra mera consequência. A
campanha criada por Bernbach é considerada por muitos como a mais importante do
século XX, e ele próprio, o grande nome da propaganda em todos os tempos. Entre
outras peças clássicas e muitas inovações, Bernbach lançou a “dupla de
criação”, formato que se consagraria e chegaria aos nossos dias em plena forma.
William Bernbach nasceu em Nova York
em 1911. De certa forma, pode-se dizer que ingressou no mundo da publicidade já
nos anos 30, na Schenley Distillers. Como o nome indica, a firma produzia
destilados, no caso, whisky, e ele era apenas um aprendiz encarregado da
entrega de correspondências. Mas, um dia, animou-se a criar um anúncio, apresentou-o
e acabou vendo sua primeira peça aprovada e veiculada. Depois de passar um
tempo como ghost writer, conseguiu emprego em uma agência de pequeno porte, a William
Weintraub, hoje extinta, e em 1945 passou para a Grey, na
qual cresceu até se tornar vice-presidente de criação.
Em 1949, junto com o vice-presidente
de atendimento da Grey, Ned Doyle, e um amigo, Maxwell Dane, criou a Doyle Dane
Bernbach. Quatro anos mais tarde, a DDB associou-se à Needham Harper, de Keith Reinhard,
e à BBDO, de Allen Rosenshine. A soma de todas as lendas deu origem ao que se
tornaria o gigante Omnicom. Em 2013, o Omnicom se fundiu com o Publicis. O Publicis
Omnicom é o maior grupo de comunicação do mundo, com valor de mercado de US$
22,7 bilhões. Somente no Brasil, o portfólio do conglomerado inclui, entre
outras, AlmapBBDO, DM9DDB, Lew’Lara\TBWA, DPZ, F/Nazca, Leo Burnett Tailor
Made, Neogama/BBH, Publicis e Talent. É nisso que dá pensar pequeno.
(Publicado originalmente na revista Advertising)
Crédito das fotos: DDB
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